Crime de Imprensa
Crime de Imprensa é o primeiro livro a mostrar, na história das eleições, como se comporta a mídia corporativa antipopular e atrelada a interesses que não coincidem com a vontade do nosso povo. Uma mídia que não hesita em usar os mesmos métodos do inescrupuloso magnata das comunicações Rudolph Murdoch. Em tom de sátira, os autores transmitem a perplexidade das pessoas lúcidas deste País não só com a cobertura jornalística falsamente “isenta” das campanhas eleitorais, mas também com a posição dos grandes veículos de comunicação diante de outros episódios da vida brasileira.
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Palmério e Mylton, jornalistas com história e passagem pelos maiores veículos de imprensa do país, prometem um “retrato da mídia brasileira murdoquizada”, mains interessada em negócios do que em notícias, e reconhecem, em tom de desafio, que não devem conseguir uma única resenha sobre o livro nos grandes jornais. “'Honoráveis Bandidos' não teve nenhuma, não vejo por que esse teria”, disse Palmério ao Brasil 247, referindo-se ao livro lançado em 2009 pela dupla e que traça outro retrato – o do Brasil na era Sarney –, sem mostrar muita preocupação. “O livro (Honoráveis Bandidos) frequentava os jornais pela lista dos mais vendidos”, brinca o jornalista.
Crime de Imprensa ficou pronto na última sexta-feira (28/10) e começa a ser distribuído nesta semana pelas livrarias do país (também pode ser comprado pelo site da editora, Plena Editorial), mas quase não sai. Os autores receberam negativas de três editoras – uma delas nem quis sentar para conversar depois de conhecer o assunto – e já se preparavam para lançar apenas a versão digital do livro quando a Plena Editorial comprou a briga. “Nossa ideia é lançar o livro nas próximas semanas, com atenção especial para a estudantada”, diz Palmério, que promete mais do que um mero relato sobre o desempenho dos grandes noticiários nas eleições de 2010.
As análises dos autores sobre o último pleito surgem situadas numa perspectiva histórica que recupera a participação da imprensa na política brasileira desde 1954, “o 1964 que não deu certo”, lembra Palmério, em referência à tensão política que resultou no suicídio de Getúlio Vargas – os protagonistas dos jornais da época eram Carlos Lacerda e Samuel Wainer. O tom histórico é reforçado pelo prefácio do livro, assinado por Lima Barreto, em texto recuperado que mostra como a imprensa nacional vem se comportando de forma parecida há algum tempo. Mino Carta reforça o time e dá o mote do livro em citação estampada na capa: “Na maioria dos casos a mídia é ponta-de-lança para grandes negócios”.
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Para os autores do livro, a grande diferença entre os dias de hoje e as décadas passadas é a existência da “blogosfera”, que possibilita a circulação de opiniões e versões divergentes do noticiado pelos grandes jornais. Com visões tão críticas sobre grupos e famílias tão poderosas – um terceiro livro está em produção, mas é sigiloso, para que os afetados não tentem evitar sua publicação –, uma pergunta se impõe: como é que os autores se sustentam? “A gente sobrevive. Aliás, acho que o melhor termo para nos definir é esse: sobreviventes”, define Palmério, que publica “Crime de Imprensa”, também, para provar que ainda há espaço para as grandes reportagens. Nem que seja fora dos grandes jornais.
(Luis Nassif)
Fonte: Expressão Popular, Jornal GGN
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